Carta 12. Transformação
Um mestre de Zen não é simplesmente um professor.
Em todas as religiões, há apenas professores.
Eles ensinam a respeito de assuntos que você não conhece, e lhe pedem para acreditar no que dizem, porque não há jeito de transformar essa experiência em realidade objetiva.
O professor tampouco as vivenciou ― ele acreditou nelas, e transmite a sua crença para outras pessoas.
O Zen não é o mundo do crente.
Não é para fiéis; o Zen é destinado àquelas almas ousadas que são capazes de desfazer-se de toda crença, descrença, dúvida, razão, mente, e mergulhar simplesmente na sua existência pura, sem fronteiras.
Ele traz, porém, uma transformação tremenda.
Permitam-me, portanto, dizer que, enquanto outros caminhos estão envolvidos com filosofias, o Zen está envolvido com metamorfose, com uma transformação.
Trata-se de uma alquimia autêntica: o Zen transforma você de metal comum em ouro.
Mas a sua linguagem precisa ser entendida, não com o seu raciocínio e o seu intelecto, mas com o seu coração amoroso.
Ou até mesmo simplesmente escutar, sem se importar se é verdade ou não.
Um momento chega, repentinamente, em que você enxerga aquilo que não percebeu a vida inteira.
De repente, abre-se aquilo que o Buda Gautama denominou “oitenta e quatro mil portas”.
Osho Zen: The Solitary Bird, Cuckoo of the Forest, Cap. 6
Comentário:
A figura central desta carta está sentada sobre a enorme flor do vazio, e segura os símbolos da transformação ― a espada que corta a ilusão, a serpente que se rejuvenesce trocando de pele, a corrente partida das limitações, e o símbolo yin/yang da transcendência da dualidade.
Uma das mãos repousa no seu colo, aberta e receptiva.
A outra está embaixo, tocando a boca de um rosto adormecido, simbolizando o silêncio que se instaura quando estamos em repouso.
Este é um momento para uma passividade profunda.
Aceite qualquer dor, tristeza ou dificuldade, conforme-se com o “fato consumado”.
É muito semelhante à experiência do Buda Gautama quando, após anos de busca, ele finalmente desistiu, sabendo que não havia nada mais que pudesse fazer.
Naquela mesma noite ele se tornou iluminado.
A transformação chega, como a morte, no seu devido momento.
E também como a morte, ela transporta você de uma dimensão para outra.
Referências:
Este artigo em pdf encontrado na net faz referências ao site osho.com, de onde todos os textos foram extraídos na íntegra.
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