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TARÔ DE MARSELHA – Arcanos Menores - SIMBOLOGIA

SIMBOLOGIA

Arcanos Menores

Retratando os aspectos e as manifestações exteriores da personalidade humana, os arcanos menores apresentam um ordenado conjunto de significações, formado pela simbologia dos números, das cores, dos naipes e das figuras, que possibilita uma série de exercícios interpretativos.


Enquanto os arcanos maiores retratam o que ocorre nas profundezas do Eu interior, os arcanos menores informam sobre a personalidade externa do consulente: caráter e temperamento, relações pessoais, circunstâncias específicas de algum fato ou situação, questões financeiras, etc. 

Ou seja, os arcanos menores, dos quais se originaram os baralhos comuns, apresentam elementos simbólicos apropriados ao território da profecia mundana. 
No entanto, há neles um conjunto de significações que oferece ao estudioso possibilidades dos mais variados exercícios, já que se caracteriza por uma riqueza ordenadora em relação a números, cores, naipes e até organização por classes sociais. 



A Simbologia dos Números

Nos sistemas simbólicos, como o tarô, os números não são meramente quantidades: expressam também qualidades. 
Assim, cada número é caracterizado por uma espécie de ideia, força específica, segundo a ordenação primordial. 

Número Um 

Símbolo da aparição do ser, da origem das coisas. Princípio ativo — masculino — que abre todas as sucessões e se fragmenta para gerar a multiplicidade, os outros números. Geometricamente, é o ponto onde nascem as linhas. Ponto irradiante e potência suprema — o centro. A unidade espiritual, a divindade, a luz. 

Interpretação divinatória: inteligência e início de ação. 

Número Dois 

1 + 1 gera a soma de tudo o que existe e a repetição dos ciclos. 
O 2 é o reflexo do 1 como a natureza é o reflexo de Deus. 
Princípio feminino e passivo é representado por uma mulher. 
Geometricamente se expressa por dois pontos, duas linhas ou um ângulo. 
Dualismo do par de opostos que nasce do 1: vida/morte, bem/mal, etc. 
Contraposição e relatividade: a natureza em oposição ao criador, a lua em relação ao sol. 

Interpretação divinatória: passividade, dualidade, dificuldade.

Número Três 

Síntese espiritual, resolução do conflito colocado pela dualidade. Resultante da ação harmônica do 1 sobre o 2. Número do céu e da Trindade. 
Não pode haver ação alguma sem três condições: o sujeito que age, o objeto que reflete a ação e o agir. 

Geometricamente corresponde aos três pontos e ao triângulo. 
Número da forma: não há corpo sem três dimensões: comprimento, largura e profundidade. O 3 é a fórmula dos mundos criados. Hemiciclo (1 Espaço semicircular, especialmente o munido de bancadas para receber espectadores.) : nascimento, zênite (1. Astr. Interseção da vertical superior do lugar com a esfera celeste. 2. Fig. Auge, apogeu, culminância.) , ocaso (1. Desaparecimento de um astro no horizonte, do lado oeste, proveniente do movimento diurno; pôr. 2. Ocidente, oeste, poente. 3. Fig. Termo, fim, final. 4. Fig. Queda, ruína, decadência, extinção, morte, crepúsculo.) . 2 + 1 representa o poder latente que recebe o germe masculino e a fecundação em ação. 

Interpretação divinatória: perfeição, fecundação, possibilidade de sucesso.

Número Quatro  

Símbolo da organização racional, da terra, dos limites externos naturais, da totalidade. Número da harmonia e da unidade exercida sobre o ternário. Geometricamente é o quadrado e o cubo — o que é finito e a criação com fronteiras próprias. Realização das coisas tangíveis e concretas. 
A lógica quadrangular das leis do mundo. 

Interpretação divinatória: matéria, inércia, passividade, possibilidades, novo início.

Número Cinco 

 4 + 1 é a ação do princípio unitário e espiritual sobre as forças materiais. 
Geometricamente é representado pelo pentagrama — estrela de cinco pontas que, com a cabeça virada para cima, simboliza o Adam Kadmon, homem primitivo antes da queda.
O homem, a saúde, o amor. Pensamento criador. Hierogamia (União de coisas divinas.).

Interpretação divinatória: dominação e necessidade de modificação do estado atual.


Número Seis 

3 multiplicado por 2: atração polarizante e múltipla. 
Amor, relação, antagonismo. 
Força que se afasta do centro espalhando-se em todas as direções. 

Geometricamente é representado pela união de dois triângulos — o hexagrama. 
Associado ao princípio de analogia: “O que está embaixo é como o que está em cima.” Ambivalência, equilíbrio. Tensão, esforço — os seis dias da criação. Balança. Hermafrodita.

Interpretação divinatória: obstáculo interno ou externo, forte ou fraco.

Número Sete 

3 + 4 é a união do princípio ternário com o quaternário, motivo pelo qual o sete possui excepcional valor. Geometricamente corresponde à conexão do quadrado e do triângulo, por superposição deste último: o princípio 3 dominando os 4 elementos. 
Aliança da ideia e da forma. 
As sete direções do espaço — as seis existentes mais o centro. 
Os sete dias da criação. As sete notas musicais. 
As sete cores do arco-íris. As sete virtudes e os sete vícios. 
Os sete dias da semana, etc. 
Enfim: ordem completa, período, ciclo. Cruz tridimensional. 

Interpretação divinatória: triunfo, compleição (1. Constituição física de alguém; constituição, organização. 2. Disposição de espírito; temperamento, inclinação.) e coordenação que conduz ao sucesso.

Número Oito 

4 multiplicado por 2 implica dois polos em oposição: a manifestação perfeita das formas. Simboliza a ordem universal das coisas em sua aplicação à ordem material. Tensão e equilíbrio. 

Geometricamente é representado pelo octógono, forma central entre o quadrado — ordem terrestre, e o círculo — ordem da eternidade, e por isso símbolo da regeneração. 
Nesse sentido era o número emblemático das águas batismais, na Idade Média. 
Por sua representação gráfica, evoca duas serpentes enlaçadas do caduceu — equivalência entre a potência espiritual e a potência material. Símbolo do infinito e dos ciclos eternamente renovados. Carma. Darma. 
Céu das estrelas fixas — superação dos influxos planetários. 

Interpretação divinatória: sucesso parcial e sofrimento.

Número Nove 

3 multiplicado por 3 ou 3 + 3 + 3 — triplicidade do triplo — é a imagem completa dos três mundos. Número do conhecimento perfeito, é o limite da série antes de seu retorno à unidade. 
Geometricamente é o triângulo do ternário. 
Tem a característica de reproduzir-se a si mesmo quando multiplicado. 
Número dos ritos medicinais por representar a tripla síntese, isto é, a ordenação de cada plano — espiritual, intelectual e corporal. 

Interpretação divinatória: obrigação e sucesso que exige mudança de rumo para não estacionar.

Número Dez 

Símbolo da realização espiritual. Ao mesmo tempo expressa a ambivalência — unidade atuando como número par. 
De acordo com os sistemas decimais é o retorno à unidade, o começo de uma nova série total. 
Geometricamente pode ser representado por uma circunferência com um ponto no centro. Número do ciclo perfeito e da totalidade do universo, da ordem interior e da totalidade psíquica. 

Interpretação divinatória: realização, fim de um ciclo ou caminho, ponderação, estudo, avaliação.


As Relações Simbólicas das Figuras 
Um dos setores mais abandonados pelos investigadores do tarô, a origem das figuras, permite apenas vagas hipóteses. 
Alguns as comparam com uma corte feudal, com seu senhor, sua senhora, o pajem favorito, o mestre de armas e o cavaleiro. 
Outros, com o jogo de xadrez onde, tal como os peões, submetidas ao rei e à rainha. 
Alberto Cousté dá a seguinte interpretação ao simbolismo geral das figuras: 

O Rei 

Representação do pai, do fundador dos povos e do poder gerador. 
No plano iniciático, é o que concluiu o caminho, o guru ou instrutor, e pode ser relacionado com o Ermitão. 
Tem analogia com o Sol e com Júpiter. 
O Rei é o grau mais elevado de evolução ou grandeza de uma espécie 

A Dama 

Num primeiro nível representa a Mãe, mas a importância deste papel varia de acordo com a relação que mantém com as outras três figuras. 
Ou seja: é filha do rei, esposa do cavaleiro e mãe do valete. 
Corresponde de qualquer forma ao simbolismo feminino e, num plano mais modesto, reúne a significação dos arcanos A Grã-Sacerdotisa, A Imperatriz, A Justiça, A Força e A Lua. 
No plano iniciático, representa as diversas etapas da via lunar. 


O Cavaleiro

O símbolo do cavaleiro está concretamente vinculado ao ritual das ordens de cavalaria medievais. 
Relaciona-se com os arcanos O Namorado e O Carro e, no plano iniciático, corresponde ao período dos trabalhos e dos esforços concretos para a realização. 
Psicologicamente, refere-se aos estados intermediários, entre o mundo material e espiritual, e transmutatórios, presentes na fase transformadora da Grande Obra Alquímica. 

O Valete

Seu simbolismo básico é o de filho, num sentido estático, e de mensageiro ou peregrino, num sentido dinâmico. 
Soluciona os conflitos colocados pelas outras três figuras. 
No plano iniciático, representa o grau primário e relaciona-se com O Mago, O Enforcado e O Louco.





Lucia Macedo

Extraído de:
Tarô de Marselha – Revista Almanaque Planeta Tarô, 6ª Edição, Jul/1989.
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